domingo, 8 de março de 2009

A linguagem como um vírus

«A ilusão é uma arma revolucionária» (39), diz William Burroughs em A revolução electrónica. Burroughs afirmava, logo no início deste pequeno livro, que aquilo que nos diferencia dos animais é precisamente a escrita, essa capacidade de criarmos estruturas complexas no tempo, e de intervirmos na transmissão de conhecimento. Mas Burroughs também afirma que «a palavra escrita foi literalmente um vírus que tornou possível a palavra falada» (21). Por um lado, as linguagens assumem-se como formas reguladoras do conhecimento, e por outro, como formas de interferência nos contextos e discursos. Burroughs serve-se, então, do método cut-up (originalmente relacionadas com a escrita, e derivado directamente da collage/montage do dadaismo e do surrealismo) para demonstrar a capacidade de manipulação simbólica existente nos meios electrónicos.

William Burroughs: A revolução electrónica, Lisboa, Vega, 1994.

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