segunda-feira, 23 de março de 2009

Italo Calvino

Seis propostas para o próximo milénio, Lisboa, Teorema, s/d.

1. Leveza
2. Rapidez
3. Exactidão
4. Visibilidade
5. Multiplicidade

[O 6º seria dedicado à Consistência, mas que Calvino não chegou a escrever]

Sobre o 5. Multiplicidade:
«(…) o romance contemporâneo como enciclopédia, como método de conhecimento, e sobretudo como rede de conexões entre os factos, as pessoas e as coisas do mundo» (p. 127-128).

«Há o texto multíplice, que substitui a unicidade de um eu pensante pela multiplicidade de sujeitos, de vozes, de olhares para o mundo segundo um modelo a que Mikhail Bakhtin chamou "dialógico", "polifónico" ou "carnavalesco", localizando os seus antecedentes de Platão a Rabelais e a Dostoievsky» (p. 139).

2 comentários:

  1. O que acontecerá à leitura do livro, tradicional, impresso?

    Alguns críticos referem o fim da leitura tradicional como um facto cultural e que nos próximos anos ler será muito menos uma obrigação e a leitura de livros será substituída por formas de comunicação. Supostamente mais dinâmicas e seguramente portáteis, a disponibilizarem-se com características cada vez mais acessíveis.
    Porém, outros, preconizam que os novos suportes de escrita não anunciarão nunca o fim do livro impresso ou a morte do leitor, mas, outrossim, proporcionarão novas formas de coexistência, continuidade estrutural e de utilidade, em que o livro impresso sobrevive, coabitando com o livro digital, de forma articulada numa nova economia. Estas duas formas encontrarão audiências, utilizadores e nichos de mercados próprios, possibilitando a multiplicação das nossas afinidades com uma obra nos seus diversos formatos. No entanto, não podemos ignorar as pressuposições sociais das mudanças, novos níveis de fiscalização, de prevenção e de reservas de utilização, para o novo formato. Não podemos ter uma atitude inerte, devemos assegurar e defender o acesso à nossa cultura, culto intelectual e reminiscência colectiva.

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  2. Pois, já o texto de João Arriscado Nunes, que a Neide analisou, fala precisamente destas questões. Creio que o busílis da questão está na complementaridade destas duas formas de leitura. Ler um livro físico, impresso, é uma experiência diferente de ler um texto electrónico, até mesmo a nível fisiológico: neste último temos sempre uma fonte luminosa artificial. Também, ler um livro é algo mais íntimo, menos mediatizado pela máquina, que queiramos quer não, ainda é, em muitos sentidos, um obstáculo. O que digo, é que são modos de leitura diferentes. O texto electrónico tem a vantagem de ser hipertextual (mas nem sempre), de termos hiperlinks com outros textos, sons, imagens, vídeos, etc., podemos assim , "avançar na informação"; mas precisamente por esta questão, também pode distrair a leitura, e nos desconcentrar. Talvez resulte melhor para textos de ensaio que para textos literários.

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